18/07/2014 às 13h19min - Atualizada em 18/07/2014 às 13h19min

Conjunto Habitacional do Goianã é invadido por famílias carentes

Mais de 150 famílias tomaram as residências localizadas no bairro

O Conjunto Habitacional de São Roque foi invadido na madrugada de sábado, dia 12. Mais de 150 famílias tomaram as residências do Conjunto Habitacional “Lago dos Patos”, no Goianã, utilizando-se da área verde nos fundos do residencial e as ruas ao redor para entrar. A Guarda Civil Municipal chegou a ser acionada sobre o grande número de pessoas que se dirigia para o local e viaturas foram enviadas para averiguar a situação, porém as autoridades não conseguiram conter a população, que continuava chegando em grandes quantidades e por diversos lugares. A Polícia Militar também esteve presente no local, mas pouco pode fazer com relação à invasão.

O Conjunto Habitacional é uma iniciativa do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do Governo Federal e previa um investimento de R$ 6 milhões, porém a empresa vencedora da licitação abandonou a obra pela metade em 2013, após ter gasto o equivalente a R$ 5 milhões.

Segundo os moradores, a demora na entrega do conjunto foi o grande motivador da invasão, já que por conta do abandono o local vinha sendo vítima de depredação por parte de vândalos, que pichavam as paredes e quebravam as habitações, além de roubarem diversos artigos como viação, telhas, portas e até vasos sanitários. Com medo do lugar ser totalmente depredado os moradores decidiram invadir o local, já que mesmo que as obras estejam pela metade e as residências não ofereçam condições básicas para serem habitadas, as moradias continuam sendo melhores que suas antigas casas. “Em vista da onde morávamos, estas casas são um palácio”, alega Márcia Elizabeth, uma das porta-vozes dos moradores, ao comentar que sabe que a situação não é a ideal, mas afirma que se os moradores não tivessem tomado esta iniciativa, o conjunto continuaria sendo depredado até não sobrar mais nada. “Se não estivéssemos aqui o lugar continuaria sendo destruído, mas agora o lugar esta sendo preservado e nós também estamos nos unindo para arrumarmos o que foi destruído”, afirma Márcia.

Mesmo que a situação do local ainda seja precária, muitos habitantes se mudaram totalmente para o lugar, levando seus pertences e já iniciando os reparos nas residências, através de pinturas, colocando vidros nas janelas, instalando portas e até mesmo levando luz ao lugar através de suportes clandestinos de eletricidade. “Estamos tentando deixar tudo bonito. Trabalhando para arrumar as casas, para que ninguém chegue e diga que tem vândalos morando aqui. Não somos vândalos”, afirma Kaidol Renan Amorim Caetano, que comenta que a ocupação esta sendo apoiada por todo o bairro.

Todos os ocupantes já residiam no bairro, porém poucos estavam cadastrados como grupo prioritário do município e que são selecionados por viverem em situação de risco. Todas as casas já estão destinadas a pessoas que fazem parte deste grupo prioritário e algumas delas já estão habitando suas casas, como a moradora Leia Silva Santos Pereira Costa, que afirmou ser uma das contempladas com uma das casas no local. “Quando eu e minha vizinha ficamos sabendo da invasão, nós viemos ver e encontramos um monte de gente. Como minha casa está muito ruim, com as paredes quase caindo, eu resolvi entrar também em uma casa”.

Os moradores se organizaram para conversar com os representantes da administração pública, que visitaram o local logo após a invasão, dentre eles o próprio Prefeito de São Roque, Daniel. Segundo nota da prefeitura, diversas ações já foram tomadas com relação ao assunto e uma central foi montada na sede do CRAS, no bairro Paisagem Colonial, para discutir com os representantes dos moradores sobre uma forma pacifica de resolver o problema. Após uma reunião com os representantes dos moradores, ficou decidido que os eles terão até segunda-feira, dia 21 para deixarem o Conjunto Habitacional, sendo que a Prefeitura se prontificou a fornecer caminhões que auxiliem os cidadãos na mudança. Todos os ocupantes do conjunto que não tem cadastro em projetos sociais disponíveis e pertinentes também tiveram seus dados coletados para que suas inscrições sejam feitas e para que seus nomes constem nos próximos projetos habitacionais do município.

No dia 21 será feita uma nova reunião com os moradores e se algum deles ainda se recusar a deixar o local, a administração municipal tomará as ações legais, provavelmente entrando  com um pedido de reintegração de posse. A administração também espera pelo projeto que aguarda votação na Câmara do Município e que prevê a liberação da verba de R$ 4.101.124,90, para a licitação que irá contratar uma empresa para terminar a construção das habitações, que será ocupada pelas famílias contempladas com as moradias.


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